sábado, 11 de maio de 2013

Copiado de: http://www.napontadoslapis.com.br/2013/02/as-aventuras-de-pi-e-o-plagio-da-obra.html
""As Aventuras de Pi" e o plágio da obra "Max e os felinos", do autor brasileiro Moacyr Scliar. Divulguem!
em 25/02/2013.

Quis retornar às postagens no blog (tentarei novamente manter a frequência, vamos ver se consigo) falando de algo que muito me irritou tem alguns meses, quando descobri o plágio descarado que o autor da obra As Aventuras de Pi cometeu. Irritou-me mais ainda o fato de a cobertura jornalística no Brasil sobre o fato ter sido ridícula, ao ponto de que a maioria das pessoas com quem converso sobre o fato não saber absolutamente nada sobre o acontecido (ou ter apenas uma vaga idéia). Por isso, decidi fazer a postagem, por mais que a notícia, para muitos, possa já não ser tão nova.

Antes de entrar exatamente no que quero falar, deixe-me explicar a situação para quem ainda não a conhece.As Aventuras de Pi, livro mais do que premiado, que gerou a adaptação para o cinema, adaptação essa que faturou quatro estatuetas do Oscar ontem, trata-se de um plágio descarado da obraMax e os felinos, do autor brasileiro Moacyr Scliar. É verdade que o desenvolvimento dado pelo autor Yann Martel é bem diferente do feito pelo autor brasileiro, uma vez que ele se sustenta mais na questão da espiritualidade enquanto Scliar procura criar uma obra com uma maior crítica política.

Ainda assim, o plágio é evidente e absurdo. Abaixo, coloquei um vídeo do próprio Moacyr Scliar, feito antes de sua morte, em que ele fala da situação e explica bem claramente a similaridade das duas obras. Basicamente, fora a forma como as obras são desenvolvidas, uma história trata do convívio de um judeu com um jaguar enquanto a outra fala de um indiano com um tigre.

O que mais me chama atenção em tudo isso, no entanto, é o fato de que um livro, que claramente plagiou a idéia de outro autor, acabou premiado com o Booker Prize Award, que talvez esteja apenas abaixo do Nobel em termos de literatura. E o pior: num primeiro momento, o autor disse que apenas "aproveitou uma boa idéia estragada por um mal escritor brasileiro". Ou seja, completamente absurdo. Depois, é claro, com toda a mídia, o autor do plágio veio a se "retratar" e agradecer Moacyr Scliar pela "inspiração". De qualquer maneira, achei toda a história completamente ridícula. E acho ridículo dar uma prêmio de tão alta estima a alguém que simplesmente roubou a idéia de outro (tenho certeza de que, caso não se tratasse de um autor brasileiro, mas um americano ou europeu, a história teria sido bem diferente).

Além disso tudo, admirou-me muito também, com toda a cobertura do Oscar feita nacionalmente, que isso não tenha vindo à tona com muito mais força, que a mídia nacional não tenha ressaltado o fato de tal obra ter sido "roubada" de um escritor nacional. O tratamento quase silencioso, na minha opinião, apenas indica, uma vez mais, a falta de capacidade do povo brasileiro de valorizar os seus próprios talentos.

Enfim, era mais ou menos isso que queria colocar nessa postagem. E pedir para que todos que se indignam como eu também divulguem a história. E que não me venham dizer que o autor apenas se "inspirou" mesmo no Scliar e que isso é normal (como o próprio Scliar, humildemente, coloca no vídeo), porque não é. É o mesmo que, digamos, caso Saramago não fosse um autor mundialmente conhecido, alguém se aproveitasse disso e fizesse uma história em que todo mundo também ficasse cego, inesperadamente, mas desenvolvesse de forma diferente. Isso é absurdo, uma vez que, em alguns tipos de história, é a idéia que dá início ao livro onde se encontra toda a genialidade; o resto do desenvolvimento é quase natural, dependendo dos personagens e das situações que o autor quer passar. Como um trouxe à tona questões mais espirituais, ele naturalmente acabou atingindo um público maior do que o da obra original (Max e os felinos), que tratava de um momento político específico. Além disso, é claro, um autor estrangeiro, publicado por uma grande editora estrangeira, possuirá sempre maior visibilidade (por mais triste que isso possa parecer)."

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